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A velha e a nova Cruz

Sem fazer-se anunciar e quase despercebida uma nova cruz in­troduziu-se nos círculos evangélicos dos tempos modernos. Ela se pa­rece com a velha cruz, mas é diferente; as semelhanças são super­ficiais; as diferenças, fundamentais.

 

Uma nova filosofia brotou desta nova cruz com respeito à vida cristã, e dessa nova filosofia surgiu uma nova técnica evangélica — um novo tipo de reunião e uma nova espécie de pregação. Este novo evangelismo emprega a mesma linguagem que o velho, mas o seu conteúdo não é o mesmo e sua ênfase difere da anterior.

 

A velha cruz não fazia aliança com o mundo. Para a carne or­gulhosa de Adão ela significava o fim da jornada, executando a sen­tença imposta pela lei do Sinai. A nova cruz não se opõe à raça hu­mana; pelo contrário, é sua amiga íntima e, se compreendemos bem. considera-a uma fonte de divertimento e gozo inocente. Ela deixa Adão viver sem qualquer interferência. Sua motivação na vida não se modifica; ele continua vivendo para seu próprio prazer, só que agora se deleita cm entoar coros e a assistir filmes religiosos em lu­gar de cantar canções obscenas e tomar bebidas fortes. A ênfase continua sendo o prazer, embora a diversão se situe agora num plano moral mais elevado, caso não o seja intelectualmente.

 

Este artigo apareceu pela primeira vez no "The Alliance Witness" em 1946. Foi impresso em praticamente todos os países de língua inglesa no mundo e publicado em forma de folheto por vários editores, inclusive a Christian Publications. Inc. Ele aparece de vez em quando na imprensa religiosa.

 

A nova cruz encoraja uma abordagem evangelística nova e por completo diferente. O evangelista não exige a renúncia da velha vida antes que a nova possa ser recebida. Ele não prega contrastes mas semelhanças. Busca a chave para o interesse do público, mostrando que o cristianismo não faz exigências desagradáveis; mas, pelo con­trário, oferece a mesma coisa que o mundo, somente num plano su­perior. O que quer que o mundo pecador esteja idolizando no mo­mento e mostrado como sendo exatamente aquilo que o evangelho oferece, sendo que o produto religioso é melhor.

 

A nova cruz não mata o pecador, mas dá-lhe nova direção. Ela o faz engrenar num modo de vida mais limpo e agradável, resguar­dando o seu respeito próprio. Para o arrogante ela diz: "Venha e mostre-se arrogante a favor de Cristo"; e declara ao egoísta: "Venha e vanglorie-se no Senhor". Para o que busca emoções, chama: "Ve­nha e goze da emoção da fraternidade cristã". A mensagem de Cristo é manipulada na direção da moda corrente a fim de torná-la aceitá­vel ao público.

 

A filosofia por trás disto pode ser sincera, mas sua sinceridade não impede que seja falsa. É falsa por ser cega, interpretando erra­damente todo o significado da cruz.

 

A velha cruz é um símbolo da morte. Ela representa o fim re­pentino e violento de um ser humano. O homem, na época romana, que tomou a sua cruz e seguiu pela estrada já se despedira de seus amigos. Ele não mais voltaria. Estava indo para o seu fim. A cruz não fazia acordos, não modificava nem poupava nada; ela acabava completamente com o homem, de uma vez por todas. Não tentava manter bons termos com sua vítima. Golpeava-a cruel e duramente e quando terminava seu trabalho o homem já não existia.

 

A raça de Adão está sob sentença de morte. Não existe comu­tação de pena nem fuga. Deus não pode aprovar qualquer dos fru­tos do pecado, por mais inocentes ou belos que pareçam aos olhos humanos. Deus resgata o indivíduo, liquidando-o e depois ressuscitando-o em novidade de vida.

 

O evangelismo que traça paralelos amigáveis entre os caminhos de Deus e os do homem é falso em relação à Bíblia e cruel para a alma de seus ouvintes. A fé manifestada por Cristo não tem paralelo humano, ela divide o mundo. Ao nos aproximarmos de Cristo não elevamos nossa vida a um plano mais alto; mas a deixamos na cruz. A semente de trigo deve cair no solo e morrer.

 

Nós, os que pregamos o evangelho, não devemos julgar-nos agen­tes ou relações públicas enviados para estabelecer boa vontade entre Cristo e o mundo. Não devemos imaginar que fomos comissionados para tornar Cristo aceitável aos homens de negócios, à imprensa, ao mundo dos esportes ou à educação moderna. Não somos diplomatas mas profetas, e nossa mensagem não é um acordo mas um ultimato.

 

Deus oferece vida, embora não se trate de um aperfeiçoamento da velha vida. A vida por Ele oferecida é um resultado da morte. Ela permanece sempre do outro lado da cruz. Quem quiser possuí-la deve passar pelo castigo. É preciso que repudie a si mesmo e con­corde com a justa sentença de Deus contra ele.

 

O que isto significa para o indivíduo, o homem condenado que quer encontrar vida em Cristo Jesus? Como esta teologia pode ser traduzida em termos de vida? É muito simples, ele deve arrepender-se e crer. Deve esquecer-se de seus pecados e depois esquecer-se de si mesmo. Ele não deve encobrir nada, defender nada, nem perdoar nada. Não deve procurar fazer acordos com Deus, mas inclinar a cabeça diante do golpe do desagrado severo de Deus e reconhecer que merece a morte.

 

Feito isto, ele deve contemplar com sincera confiança o Salvador ressurreto e receber dEle vida, novo nascimento, purificação e poder. A cruz que terminou a vida terrena de Jesus põe agora um fim no pecador; e o poder que levantou Cristo dentre os mortos agora o le­vanta para uma nova vida com Cristo.

 

Para quem quer que deseje fazer objeções a este conceito ou considerá-lo apenas como um aspecto estreito e particular da verdade, quero afirmar que Deus colocou o seu selo de aprovação sobre esta mensagem desde os dias de Paulo até hoje. Quer declarado ou não nessas exatas palavras, este foi o conteúdo de toda a pregação que trouxe vida e poder ao mundo através dos séculos, Os místicos, os reformadores, os revivalistas, colocaram aqui a sua ênfase, e sinais, prodígios e poderosas operações do Espírito Santo deram testemunho da aprovação divina.

 

Ousaremos nós, os herdeiros de tal legado de poder, manipular a verdade? Ousaremos nós com nossos lápis grossos apagar as linhas do desenho ou alterar o padrão que nos foi mostrado no Monte? Que Deus não permita! Vamos pregar a velha cruz e conhecermos o velho poder.

 

Extraído do livro: O Melhor de A. W. Tozer pg 71

Autor: A. W. Tozer

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