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O Descortinar do drama da redenção
W G. Scroggie
 

 

Com Cristo na Escola de Oração
Andrew Murray
 

 

O Ministério 
do Espírito 
A. J. Gordon
 

 

Biografia Bakth Singh

Bakht Singh nasceu em 6 de junho de 1903, de pais abastados, Jawahar Mau Chabra e Lakshmi Bai, no setor norte de Punjab, que hoje é parte do Paquistão. Era o mais velho entre seis irmãos. Seus pais eram seguidores da religião Sikh, dominante na região.

 

Ainda pequeno foi educado em uma escola da Missão Presbiteriana, Bakht cresceu odiando os cristãos, devido à idéia, muito predominante nesse tempo, de que a religião cristã era uma ferramenta a serviço da colonização ocidental, e que perturbava as tradições e culturas locais. Junto a outros adolescentes hindus, ele estava acostumado a zombar dos pastores e mestres da Bíblia.

 

Por cinco anos ele estudou em um internato. Os hindus e os muçulmanos viviam em um lado, e os cristãos no outro. Durante todos esses anos ele nunca visitou o lado cristão. Certa vez, depois de aprovado em um exame, foi dada de presente uma Bíblia. Bakht pegou e a rasgou. Conservou só a capa porque tinha uma bela encadernação de couro. Ele estava acostumado a passar muitas horas nos templos Sikh observando todos os ritos religiosos.

 

Desde jovem, Bakht tinha muitas ambições, como estudar na Inglaterra, viajar ao redor do mundo, desfrutar da amizade de todo tipo de pessoas, e permanecer fiel a sua religião. Também aspirava poder vestir roupas elegantes e comer comida da classe alta. A ambição de estudar na Inglaterra era para demonstrar aos britânicos que ele não era inferior a eles.

 

No entanto, o seu pai se opunha a sua ida para a Inglaterra. Ofereceu-lhe muito dinheiro tentando convencê-lo de que ficasse com ele para que lhe ajudasse em seu negócio. Tinha estabelecido uma nova fábrica de algodão e queria contar com o seu filho mais velho. Mas Bakht queria ir para a Inglaterra. Ao concluir seu exame final no colégio, Bakht se sentiu muito triste porque não poderia cumprir o seu desejo.

 

Sendo o filho mais amado por sua mãe, disse-lhe: "Te ajudarei a ir para a Inglaterra, mas me prometa que não mudará de religião". Ele respondeu a ela: "Realmente crê que eu trocaria a minha religião?", assegurando-lhe firmemente sua lealdade e fidelidade. Ela, então, persuadiu o seu marido para que deixasse o seu filho ir. "Meu pai, como um homem de negócios, pensava em termos de dinheiro, minha mãe, sendo uma pessoa religiosa, pensava em termos de religião" - diria depois Bakht Singh.

 

E assim em 1926, depois de graduar-se na universidade estatal em Lahore, foi como estudante estrangeiro para a Inglaterra e se matriculou no King's College (Universidade do Rei), em Londres, para estudar engenharia mecânica.

 

Os primeiros meses na Inglaterra, Bakht permaneceu fiel a sua religião. Manteve o seu cabelo comprido e sua barba, como correspondia a um 'sikh'. Mas logo perdeu a fé, raspou-se, e se tornou ateu e liberal. Nos dois anos seguintes adquiriu todos os piores costumes do mundo ocidental: beber, fumar, vestir-se na moda, visitar teatros, cinema e salões de baile. Também viajou pela Europa, visitou museus, galerias de arte, fez-se amigo da boa mesa, e fez amizade com pessoas de todas as classes sociais. Tudo o que certa vez havia desejado, o obteve.

 

Mas de repente começou a perguntar-se: "Sou mais feliz que antes?". O estado do seu coração dizia-lhe que estava muito pior, porque havia se tornado egoísta, orgulhoso e ambicioso. Tinha aprendido a mentir cortesmente a seus pais. Desencantado, comprovou que o mundo inteiro, seja no oriente ou no ocidente, é "vaidade de vaidades".

 

Então veio o grande dia da fé, em 11 de agosto de 1928, quando teve o seu primeiro encontro com o Senhor Jesus Cristo. Viajava de férias com um grupo de estudantes para o Canadá em um transatlântico, quando teve oportunidade de participar de um serviço cristão a bordo. Indiferente no princípio, o seu orgulho nacional e religioso lhe fez quase abandonar o serviço enquanto outros oravam; mas logo, por cortesia, desistiu, e se ajoelhou como os outros. Nesse momento sentiu que um poder divino o envolvia, lhe trazendo um grande gozo. Tudo o que pôde fazer foi pronunciar reiteradamente estas palavras: "Senhor Jesus, eu sei e eu creio que tu és o Cristo Vivo". Nesse dia desapareceram os seus preconceitos raciais e de classe.

 

"Até ali, eu tinha sido um ateu, e em minha necedade havia dito freqüentemente que não havia Deus. Desde esse dia, as palavras 'Cristo Vivo' de algum modo chegaram a ser muito reais para mim. Esta experiência me deixou com um desejo forte de saber mais do Senhor Jesus vivo. Até então não tinha absolutamente idéia alguma da vida ou do ensino do Senhor Jesus Cristo", confessaria ele anos depois.

 

Logo depois de uma estadia de três meses no Canadá, retornou a Inglaterra. Uma vez ali, tentou assistir aos serviços na igreja, mas foi desestimulado pelo ambiente gelado e indiferente que imperava nas reuniões. Preferia ir aos templos quando estavam vazios, porque ali sentia paz. Durante um ano não contou a ninguém a sua experiência cristã. O desejo de fumar e beber que tinha tido, foi-se sem que ninguém o proibisse.

 

Em 1929 retornou ao Canadá, para terminar o seu curso de Engenharia em Agricultura, na Universidade de Manitoba, Winnipeg. John e Edith Hayward, cristãos devotos, favoreceram-no e o convidaram a viver com eles. Eles estavam acostumados a terminar cada jantar lendo a Bíblia. Quando um amigo lhe deu de presente um Novo Testamento, ele se fechou em seu quarto e ficou lendo até as 3 da manhã. O dia seguinte amanheceu totalmente nevado, assim permaneceu todo o dia na cama, só para ler.

 

O segundo dia, enquanto lia o Evangelho de João, capítulo três, chegou ao versículo 3, e se deteve na primeira parte do verso. As palavras "Em verdade, em verdade te digo" lhe fizeram se sentir culpado. "Justo quando li estas palavras - conta ele - o meu coração começou a pulsar mais forte. Eu senti que alguém estava de pé ao meu lado dizendo uma vez e outra vez, "Em verdade, em verdade te digo". Eu estava acostumado a dizer, "a Bíblia pertence ao ocidente", mas a voz dizia, "Em verdade, em verdade te digo". Eu nunca me havia sentido tão envergonhado como me senti então, porque todas as palavras blasfemas que eu tinha proferido contra Cristo vinham diante de mim. Todos os meus pecados dos dias do colégio e da universidade vieram diante de mim. Pela primeira vez aprendi que eu era o maior pecador, e descobri que o meu coração era mau e sujo.

 

Os meus pequenos zelos contra os meus amigos, meus inimigos, minha maldade, estavam todos claros diante de mim. Meus pais pensavam que eu era um bom jovem, meus amigos me consideravam um bom amigo, e o mundo me considerava um membro decente da sociedade, mas só eu conhecia o meu real estado. Lágrimas rolaram por minha face e eu estava dizendo, " OH! Senhor me perdoe. Verdadeiramente eu sou um grande pecador". Por um tempo senti que não havia esperança para mim, um grande pecador. Enquanto eu chorava novamente, a Voz disse, "Este é o meu corpo moído por ti, este é o meu sangue derramado para a remissão dos seus pecados". Então soube que só o sangue de Jesus podia me lavar dos meus pecados. Não sabia como, mas sabia que só o sangue de Jesus podia me salvar. Não podia explicar o fato, mas gozo e paz vieram a minha alma; eu tive a segurança de que todos os meus pecados foram apagados".

 

Pouco depois, Bakht conseguiu a sua própria Bíblia e começou a lê-la, desde Gênesis a Apocalipse, com grande desfrute. Estava acostumado a ler até 14 horas seguidas. Em pouco mais de dois meses terminou a Bíblia completa, e várias vezes o Novo Testamento. Logo começou a lê-la novamente, por segunda e terceira vez. Nos próximos dois anos deixou de ler toda espécie de revistas, periódicos e novelas, para dedicar-se só à leitura da Bíblia. O seu conhecimento e a sua fé foram crescendo rapidamente.

 

Um dia, ao chegar a Hebreus 13:8, leu: "Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e pelos séculos". Por muitos anos, ele tinha sofrido de fluxo nasal, sem que os vários médicos consultados pudessem lhe ajudar de verdade. A isso se adicionaram problemas com a vista. Então orou: "Curará o meu nariz e me dará boa vista?". Pela manhã, quando despertou, descobriu com muita alegria que tinha sido curado. Depois, não só ele foi curado, mas também muitos mais foram curados pela oração.

 

Em 4 de fevereiro de 1932, Bakht Singh foi batizado em Vancouver, Canadá. Depois do batismo, ia de um lugar a outro dando o seu testemunho. Dois meses depois, ele foi confrontado pelo Senhor a respeito do seu futuro, e decidiu deixar de lado as suas ambições terrestres, para consagrar-se por inteiro ao Senhor.

 

No entanto, ele sentiu que o Senhor lhe estreitava o caminho. "Terá que viver por fé. Você não deve pedir nada a ninguém, nem sequer aos seus amigos ou relacionamentos. Não deve pedir nem sequer um copo de café. Você não irá fazer nenhum plano". A isto, o principiante servo de Deus replicou: "Senhor, por um lado você quer que eu renuncie a todos os meus direitos de propriedade e de ter um lar, e me diz que viva simplesmente por fé. Quem vai prover as minhas necessidades?". Então, sentiu que o Senhor lhe dizia: "Esse não é problema seu".

 

Posteriormente, ele sintetizou assim as condições de sua chamada:

 

1. Não te insira em nenhuma organização - serve a todos por igual

 

2. Não faça o seu próprio plano. Permita-me te guiar e te levar em cada passo do caminho.

 

3. Não torne conhecida as suas necessidades a nenhum ser humano. Só peça a mim e eu te proverei as suas necessidades.

 

Durante um ano, Bakht Singh permaneceu na América como pregador, porque já tinha deixado de lado a sua carreira de Engenheiro. Em 19 de outubro de 1932 escreveu aos seus pais relatando-lhes a sua conversão. Cinco meses depois - em 6 de abril de 1933 - ele retornou a Bombay, depois de sete anos de ausência. Tinha 30 anos de idade.

 

A volta

 

Em Bombay se reuniu com os seus pais. "Nós somos os únicos que sabemos que és um cristão", disseram-lhe. "Por favor, guarda-o em segredo e pode ler a sua Bíblia e ir à igreja quando quiser". "Posso viver sem respirar?", respondeu Singh. "Eu dei a minha vida inteira a Cristo que morreu por mim. Não posso segui-lo em segredo". "Se não puder guardar segredo, então não poderá vir para casa", responderam os seus pais, e o deixaram ali.

 

No entanto, os seus pais ficaram tristes. O seu pai foi a conotados mestres hindus para perguntar-lhes como podia conseguir paz. Eles lhe disseram que era uma coisa difícil de obter. Então um domingo passou em frente a um templo. O serviço estava a ponto de começar. Entrou sem nenhuma intenção particular, e ocupou um assento na parte de trás. No momento que começou o serviço, ele viu uma grande luz que lhe fez exclamar: "OH Senhor, você é o meu Salvador também". Então se entregou ao Senhor e uma grande paz inundou a sua alma. Depois disso o seu pai lhe apoiou decididamente em seu ministério entre os hindus. O resto da família chegou também paulatinamente à fé.

 

Singh começou como um ardente pregador itinerante ao longo da Índia, e alcançou a muitos com o evangelho. Depois de servir por alguns anos, Deus trouxe um avivamento poderoso através dele a Martinpur (agora parte do Paquistão) e outros lugares em Punjab. "O papel de Singh no avivamento de 1937 que envolveu a igreja em Martinpur inaugurou um dos movimentos mais notáveis na história da igreja no subcontinente indiano", declarou Jonathan Bonk no Dicionário Biográfico de Missões Cristãs, publicado por Simon & Schuster Macmillan, em 1998. "Os anos iniciais do seu ministério foram marcados por poderosos milagres e maravilhas, incluindo curas físicas e grandes avivamentos".

 

Em 1937, Singh foi um dos oradores na Convenção de Sialkot, que era organizado pela Igreja presbiteriana e outras denominações. Falou de Lucas 24:5 "Porque procuram entre os mortos ao que vive?". A sua pregação eletrizou os participantes e organizadores igualmente. Nas palavras de J. Edwin Orr, Historiador britânico da Igreja, "Bakht Singh é um evangelista indiano equivalente aos maiores evangelistas ocidentais, tão hábil como Finney e tão direto como Moody. Ele foi um mestre da Bíblia de primeira classe da ordem de um Campbell Morgan ou Graham Scroggie".

 

Logo Bakht Singh se tornou um nome familiar entre os cristãos protestantes ao longo da Índia. As notícias de sua vida extraordinária e ministério se espalharam pelo mundo através das revistas missionárias e boletins. Ele foi um dos mais procurados entre os evangelistas jovens na Índia nesse momento. Só em um mês recebeu mais de 400 convites de toda a Índia. Em 1938, ele foi a Madras e depois a Kerala e outras partes do Sul da Índia. Milhares de pessoas se voltaram para Cristo. Segundo Dave Hunt, autor e escritor, "A chegada de Bakht Singh tornou as igrejas de Madras ao reverso... As multidões se reuniram ao ar livre, em torno de 12.000 em uma ocasião para ouvir este homem de Deus. Muitos tremendamente doentes foram curados quando Bakht Singh orou por eles, inclusive surdos e mudos começaram a ouvir e falar".

 

Início da obra

 

Sempre que a igreja - o Corpo de Cristo - passa através de um declive espiritual, o Senhor, que é a Cabeça da igreja, levanta os seus vasos escolhidos para trazer vitalidade ao Corpo. No entanto, o ministério de Singh não fluiu pelas vias habituais. Singh compreendeu que o novo vinho requeria novos odres. Depois de uma noite de oração, junto a alguns dos seus co-obreiros, no cume de um monte em 1941, teve a visão de começar a contextualizar o padrão das assembléias locais nos princípios do Novo Testamento.

 

O Senhor o levou e os seus co-obreiros a estabelecer uma igreja local para cumprir os quatro propósitos da Igreja sobre a base de Atos 2:42. Estes princípios podem ser aplicados em qualquer país, em qualquer cultura sem comprometer a Palavra de Deus revelada. Os quatro propósitos da Igreja são:

 

1) Mostrar a plenitude de Cristo (Efésios 1:22-23).

 

2) Perseverar na unidade de Cristo - a unidade de todos os crentes (Efésios 2:14-19).

 

3) Perseverar em Sua sabedoria (Efésios 3:9-11)

 

4) Mostrar a Sua glória (Efésios 3:21 e Atos 2:42). "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão uns com outros, no partir do pão e nas orações".

 

A primeira igreja se estabeleceu em Madras, Tamil Nadu, em 12 de julho de 1941, e foi chamada "Jehovah Shammah". Na década de '50 surgiram outras em Madras e Hyderabad no Sul, e em Ahmadabad e Kalimpong no Norte. Singh sustentou a sua primeira 'Santa Convocação', apoiada em Levítico 23, em Madras em 1941. Mas a assembléia em Hyderabad sempre foi a maior, atraindo a 25.000 participantes. Comiam e dormiam em barracas, e se reuniam sob uma grande palhoça para longas horas de oração, louvor e reuniões de instrução que começavam na alvorada e acabavam tarde da noite. Não se recrutavam trabalhadores para as reuniões. O cuidado e alimentação dos convidados era dirigida por voluntários. Os gastos para as reuniões eram pagos por ofertas voluntárias. Não se pedia dinheiro de fora.

 

Desde Madras a Hyderabad

 

Bakht Singh cria firmemente na eficácia dos obreiros nativos para fazer a obra de Deus na Índia. Por anos, o país tinha dependido das missões estrangeiras, por isso, parte da visão de Singh incluía a preparação de obreiros. Em meados dos anos '50 o Senhor proporcionou os meios para abrigar o ministério da igreja extra local. Ele chamou o novo lugar 'Hebrom', em Hyderabad. Ali eram ensinados os novos obreiros nas Escrituras diariamente, participavam dos afazeres domésticos e pregavam e davam testemunho na rua. Eles ficavam até que tivessem aprendido o que precisavam saber, e então saíam para fazer a obra de Deus, voltando quando quisessem.

 

O trabalho do Senhor cresceu e se multiplicou. Dos anos de 1950 a 1970 as igrejas locais estabelecidas por Bakht Singh e seus co-obreiros eram as igrejas locais com mais rápido crescimento na Índia. Estas duas igrejas cresceram qualitativas e quantitativamente tentando mostrar como se cumpriam os quatro propósitos da igreja.

 

Certa vez que Singh estava ministrando em Filadélfia, USA, perguntaram-lhe sobre o papel dos missionários americanos na evangelização do seu país, ele disse sucintamente: "Eles já não são necessários na Índia". Bob Finley, Presidente do Christian Aid Mission, diz ter sido testemunha de como em Hebrom se preparavam mais de cem missionários para o serviço, enquanto que outros cem começavam a fazer as suas primeiras provisões no campo.

 

Com a sua habitual franqueza, Bakht Singh estava acostumado a dizer aos ocidentais: "Vocês sentem compaixão por nós na Índia devido a nossa pobreza material. Nós os que conhecemos o Senhor na Índia sentimos aflição por vocês na América por causa de sua pobreza espiritual, e oramos para que Deus lhes dê o ouro refinado no fogo que Ele prometeu a aqueles que conhecem o poder da Sua ressurreição...

 

Continua...

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